“Azul” de Cranio Artes: uma explosão de crítica e beleza que nos faz pensar (e rir de nervoso) Sao Paulo – Brasil. – Revista Dope – Street Art & Graffiti en Chile y el Mundo

A nova exposição “Azul”, de Cranio, na Luis Maluf Galeria de Arte, é um soco visual disfarçado de arte vibrante e bem-humorada. Ao entrar no espaço, somos imediatamente bombardeados pela intensidade das cores, pela familiaridade desconcertante do personagem azul e pelas mensagens afiadas que surgem em cada obra. Não é só uma exposição; é uma provocação descarada à nossa zona de conforto.

O que mais chama a atenção é como Cranio consegue falar de temas densos – consumismo, urbanidade, identidade – de maneira leve, quase brincalhona, mas sem perder a força crítica. O personagem azul, ícone já consagrado em seu trabalho, aparece aqui vestido de luxo, com marcas como Chanel e Gucci, mas carrega uma carga de ironia que desnuda o absurdo de uma sociedade que adora vitrines mais do que pessoas. É engraçado, sim, mas também é um pouco doloroso quando você percebe que talvez esteja rindo de si mesmo.

O Curupira, revisitado em uma das obras inéditas, é um exemplo brilhante do jogo de Cranio com a mitologia brasileira e o zeitgeist global. Ele pega figuras que conhecemos de histórias de infância e as transforma em algo que dialoga com um mundo onde likes valem mais do que árvores. É impossível não se perguntar: será que estamos tão perdidos quanto parece?

A curadoria de Alexandre Araujo Bispo acerta ao conectar a obra de Cranio com o conceito de “indigenização da modernidade”. É exatamente isso que vemos aqui: uma mistura de tradições e modernidade que se recusam a ser categorizadas. Tudo transborda energia, mas é uma energia inquietante, que nos provoca a olhar para o mundo – e para nós mesmos – de um jeito diferente.

No fim, “Azul” é mais do que uma exposição de arte; é uma experiência que te faz sair pensando (e talvez repensando) suas escolhas, seu papel na sociedade e até sua paleta de cores favorita. Um aviso: você não vai sair ileso – e isso é exatamente o que torna essa mostra imperdível.